16 de nov. de 2015

Nós

Foto: Bruna Novaes

Tô com um nó na garganta faz um tempão. Tô tentando desfazê-lo, mas nem sei por onde começar. Acho que vou começar pelo fim, vou começar te falando o que em todos os meus discursos mentais ficaram para o fim, porque em meus ensaios haviam dois possíveis finais: aquele feliz, onde eu nem precisaria terminar de falar, porque o que eu estava falando era o que você também queria me dizer, então eu nem precisaria chegar ao final. E havia aquele final não tão feliz, onde eu perceberia seu olhar assustado, confuso ou até mesmo indiferente, perderia a coragem e jamais te contaria. Então começarei por ele, até porque o que eu tenho para dizer já resume tudo, e por mais que seja  mais complexo para falar, me economiza as palavras, e por ter bem menos a dizer me sinto mais preparada para fazê-lo, ainda muito nervosa, mas pelo menos serei assertiva e conseguirei meu objetivo, ou parte dele. De antemão peço que não se assuste, e se quiser saber o que vem antes do fim não se acanhe em perguntar... 

...Não sei a quem estou enganando com tudo isso, provavelmente irei inventar algo minimamente interessante, só para fugir de contar a verdade, acho que nem mudando de estratégia serei capaz de desfazer esse nó que a minha covardia enlaçou e aperta sem piedade a cada segundo que passa. Morrerei sufocada em meu silêncio Esse é o destino que me resta. Aceitarei minha covardia como uma velha amiga e viverei em paz com essa agonia enquanto me restar fôlego, porque tenho quase certeza que a única maneira de me salvar desse nó cego é arrancado-o, mesmo que isso custe parte de mim e me deixe cicatrizes profundas que jamais poderão ser apagadas. É isso, ou viverei um eterno penar de quem tinha tanto para dizer, mas não conseguiu se libertar de suas próprias amarras.

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