4 de nov. de 2016

A(mar)

Foto Andreza Souza

Te fiz meu abrigo, e sem te pedir licença me amparei em você. 
Fiz do brilho dos teus olhos meu farol, pois encontrei no teu olhar a promessa de paz para as minhas tempestades, paz para minha alma que andava tão cansada de navegar sem rumo em águas tão turbulentas.
Eu sempre vivi assolada pelo medo de me afogar, lutando freneticamente contra as águas, contra o vento... Queria controlar minha nau, e me ancorar onde houvesse terra firme, onde eu acreditava que havia segurança pra mim. É que eu não conhecia a calmaria do teu mar, não conhecia a sensação de flutuar e simplesmente me deixar levar pelas tuas águas... Foi que você sorriu pra mim, e foi como se o sol raiasse com aquele teu sorriso, o mundo ao meu redor ganhou uma frequência mais leve, mais lenta, mais calma, mais doce. Sem nenhum esforço você aqueceu meu ser desolado, me desarmou. Tuas águas atravessaram minhas defesas. Eu não suportei a sensação de vulnerabilidade e me ancorei em você.  Me ancorei aqui, sem terra firme, e mergulhei. Abandonei minha nau que antes me mantinha distante das águas, e me afoguei no teu mar. Não encontrei a segurança que procurava, da paz só tenho a promessa, mas essa esperança quase surreal me arrasta lentamente para mais dentro, mais perto, mesmo que eu não tenha a tua permissão. Mas me perdoa o mal modo, perdoa a minha invasão, eu confundi gentileza com liberdade, desestabilizei teu equilíbrio, desaguei minha bagunça aqui e não quero mais desancorar.

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